Diferenças que
eu não consigo deixar de comentar. Numas pequenas férias… não lhe devo chamar
férias, porque sou reformado e as férias são para os trabalhadores.
Mesmo assim,
com uma pequena reforma, e à custa de algum apertar de cinto, consegui amealhar
alguns euros que me permitiram sair de casa durante uns dias. Comecei pela
costa oeste, visitei locais que já conhecia e outros que não, tais como as
aldeias típicas de José Franco, em Sobreiro, próximo de Ericeira que gostei e
recomendo.
Mais adiante
estive no Cabo da Roca, ponta mais ocidental da Europa, passei pela praia das
Maçãs, praia do Guicho e Boca Do Inferno. Este local conheci-o há mais de 50
anos, quando só ali havia obra da natureza. Hoje com as obras ali feitas é
menos perigoso visitar o local, mas para mim menos interessante. Continuei por
Cascais, Estoril e entrada em Lisboa para ali passar a noite, depois de ver uma
revista à portuguesa no Politeama de Filipe la Féria. Era hora de repousar, por
isso dirigimo-nos ao hotel para uma noite regalada e dormimos muito bem… tudo
isto no primeiro dia.
No segundo
dia, fomos visitar a “velha Lisboa”, que eu conheci há muitos anos e que me fez
reviver um tempo que não volta. Aproveitei para fazer uma viagem num anfíbio,
que é novidade em Lisboa, percorrendo vários pontos na cidade para depois dar
uma volta pelo Tejo, desfrutando a paisagem, que dali se observa. É arrepiante
a entrada na água, mas a vontade sobrepõem-se ao medo.
Também
visitei a baixa do Chiado, agora requalificado, e viajei no “velho eléctrico”. Deixamos
Lisboa com destino a Setúbal, onde jantámos e pernoitámos no hotel. De seguida
foi meter o carro no ferry e atravessar para Tróia e ali estava uma praia de
ricos, com hotéis de luxo, casino e abrigo para iates, veleiros, etc...
Ao apreciar
tudo isto, pus-me a pensar, porque é que uns tem tudo e outros nada, toda esta
riqueza à custa de quê? Do trabalho não foi de certeza…
Depois de
umas horas ali passadas, foi andar com destino a Alcácer e qual não foi o meu
espanto, que ao chegar à Carrasqueira, me deparei com um cais de embarcações de
pescadores a lembrar o terceiro mundo. Só vi coisa igual em reportagens no
Vietname.
É por isso
que chamo a esta narrativa Diferenças Abismais às quais anexo estas fotografias.
Será que estes pescadores a trabalhar nestas condições ainda terão que pagar
impostos ao estado?
Desculpem, estive a maçar-vos com o relato das minhas
férias, mas a minha intenção era mesmo, mostrar-vos as diferenças entre ricos e
pobres.
Vila Nova, Setembro de 2013.