sexta-feira, 10 de julho de 2015

O CUV

CAROS AMIGOS
Depois dum prolongado interregno, sem vontade, nem inspiração de escrever e com tanto motivo para o fazer. Interrogo-me porquê? 
Se todos os dias temos mais que motivos, para comentar, repudiar, ou simplesmente “engolir”, vindos de toda a parte do mundo, mundo este que se está de tal modo a degradar-se, social, politica e financeiramente, que não tarda, só haverá lugar para os todos/poderosos viverem como querem e lhes apetece, subjugando os restantes à miséria e mesmo a morrer de fome, o que já acontece em muitas partes do mundo, sem que ninguém se atreva a condenar os culpados, que para mim, são os senhores que adoram o capitalismo como um Deus, sem o mínimo de compaixão por aqueles que sofrem os efeitos deste capitalismo desenfreado.

Esta introdução, com uma volta global, serviu-me apenas como desabafo, pois, o que eu quero escrever hoje e o que as pessoas me estão a pedir, é que eu escreva sobre histórias de Vila Nova. 
Eu já escrevi, muitas histórias sobre a nossa terra, que estão no meu blog, 
E hoje, o que vou escrever, é sobre aquilo que foi o orgulho de todos os Vila-novenses, o Clube União Vilanovense, sobre o qual também já escrevi alguns textos. Hoje porém é com muita mágoa, o que vou dizer sobre a maneira como estamos a tratar o nosso clube, esquecendo os nossos antepassados, que à custa de muito sacrifício, ergueram aquele edifício. É triste ver agora a fachada a cair, as portas fechadas sem Direção, e um futuro, que se antevê de fecho total. 
Estamos a ver que não herdamos nada, dos nossos pais, avôs e bisavôs. Então não haverá para aí meia dúzia de pessoas, com coragem e espírito bairrista para dar continuidade a uma associação, das mais antigas do concelho?
Deixo a interrogação

Vila Nova, Julho de 2015
Albertino Coelho

domingo, 20 de julho de 2014

ERA UMA VEZ UMA LINHA FERROVIÁRIA

Com este nome, foi publicada no facebook uma foto, que me fez voltar aos meus tempos de menino, quando os comboios ainda eram movidos a vapor. Quando o comboio apitava no ramal Pampilhosa-Figueira da Foz, era como se fosse um relógio, que naquele tempo pouca gente possuía.



Sabíamos que o primeiro a passar, por volta das seis e meia, era de levantar e qual café, era pegar na enxada e ir para as terras sachar o milho, ou cavar a vinha, ou outros trabalhos agrícolas. O segundo passava por volta das nove. Era a hora do almoço... a primeira refeição do dia. A seguir vinha o das onze, que nós aqui na aldeia (Vila Nova de Outil), chamávamos o comboio da sardinha. Era à estação de Lemede que a ti Angelina Neta ia buscar a canastra de sardinha, despachada da Figueira da Foz, que carregava à cabeça e de volta vendia porta à porta com o pregão, “sardinha fresca”! Isto era ritual diário. 
Passava outro às cinco da tarde, que era o da merenda. O sinal para o jantar, que era ao meio dia, naquele tempo, era dado pelo relógio da torre da igreja, assim como o da despega, pelo toque das trindades.
E como tudo acaba, acabaram também com esta linha, que servia de algum desenvolvimento à área envolvente, e o que resta dela são as tulipas, a brita e as silvas como ornamentação. Os carris, roubados ou vendidos, já foram, porque é coisa que ainda dá algum dinheiro, que é o que conta para os nossos “governantes”.
E agora uma pergunta:
- O que vão fazer os nossos governantes com aquele espaço? 
Eu deixo a minha sugestão: 
O espaço tem largura suficiente para uma pista ciclável e pedestre!


terça-feira, 25 de março de 2014

Lembranças da minha infância - “TERREIRO DA ERVA EM COIMBRA”

Quem se lembra deste sítio? 
Estou parado e dentro do carro.
Está a chover muito e estou à espera dos meus familiares que foram fazer compras. Então lembrei-me dos meus tempos de jovem, tão jovem que aos onze anos de idade, aqui passei pela primeira vez na companhia do meu irmão mais velho e um sócio seu, que me diz:” Olha é aqui que tu hás-de vir aguçar o bico”.
Só anos mais tarde soube o que ele queria dizer. Era ali que existia a casa das “meninas”(bordel) que eram autorizadas pelo estado e pagavam impostos por essa exploração. 
Por estar a chover muito, não admira... 
Estou a escrever em Janeiro e então lembrou-me que no tempo das grandes cheias do Mondego, neste sítio se “andava” de barco. Estou a falar de 1948, pelo que pouca gente se lembrará disto. Naquele tempo as cheias inundavam completamente a parte baixa do Mondego, cortando mesmo o acesso a Coimbra do lado da Cidreira pelo choupal, a solução era dar a volta pela Adémia. Aqueles que arriscavam a travessia pelo choupal sujeitavam-se a perder a vida, como aconteceu a uma família de Cantanhede por volta de 1956.
Nessa altura não pensava eu, que era nesta cidade que se iriam passar muitos episódios da minha vida, tais como: com os meus 16/17 anos já vinha de bicicleta, (lembro que sou de Vila Nova de Outil e que fica daqui a 25 quilómetros) para cá retocar cantarias que vinham das nossas pedreiras. 
O almoço era uma posta de bacalhau, um pão de segunda e meio litro de vinho, que comprava na tasca mais próximo da obra. A posta de bacalhau era assada nas brasas duma fogueira feita para o efeito, no local de trabalho. Esta refeição custava menos de cinco escudos, numa altura em ganhava-mos trinta por dia. 
Foi aqui também que cumpri o serviço militar no quartel de Santa Clara. Em 1959 adquiri a carta de condução de automóveis ligeiros e pesados, que me habilitou a exercer a profissão de motorista. Nessa condição, aqui vim muitas vezes com carradas de cantaria e de retorno levava areia que carregava no rio Mondego, que quase secava no verão. 
A entrada era numa rampa próximo da Estação Nova, que ainda hoje existe. Anos mais tarde prestei aqui serviço como agente da Polícia de Segurança Pública que a meu pedido, abandonei em 1966 para seguir novos horizontes. 
Foi nesta cidade que frequentei o 5º ano do 2º ciclo liceal, no Externato São Tomás de Aquino, creio que já não existe. Foi aqui também que anos mais tarde, fui com sucesso, operado às duas ancas. E agora com 77  anos, foi-me detetado um carcinoma e estou à espera da cirurgia que vai ser efectuada, também nesta cidade, no Instituto Português de Oncologia, que espero também que tenha sucesso. Falta saber se este é o último episódio da minha vida nesta cidade, aguardo com esperança que não seja!


P.S.: Comecei a escrever este texto no dia 16 de Janeiro, dia em que soube que carregava comigo, um monstro, que se chama cancro. Curiosamente, na hora em que terminava este escrito, deram-me a notícia de que a cirurgia vai ser amanhã. Afinal não foi este amanhã, aconteceu que depois de estar preparado para entrar no bloco, o cirurgião informou que por um motivo que desconheço, já não me podia operar. Mandaram-me para casa e que me voltavam a convocar, o que aconteceu logo no dia seguinte. 
Fui operado no dia 12 deste mês de março, a operação correu bem e agora espero o resultado da análise do tumor que me extraíram, para saber as terapias a que vou ser sujeito. Espero com alguma esperança o desenrolar de mais este episódio passado nesta cidade.

O Caminho Da Vida, Segundo A minha Perspectiva

Vou definir este caminho em três pontos. 
Imagine um círculo, que na minha imaginação é o nosso mundo, dentro dele, um losango com os vértices mais fechados, no sentido vertical, e a tocar o perímetro desse circulo e com os vértices mais abertos à altura do diâmetro. O início da vida, começa no ponto zero do ângulo inferior do losango e o fim no ponto zero do ângulo superior. Em toda a sua área desenvolve-se toda a nossa vivência, que é recheada duma abundante panóplia de feitos e episódios. Este caminho é igual para todos, independentemente de quem o atinge mais rápido, ou aqueles que chegam ao fim a passo de caracol, (neste caso toda a gente gostaria de ser caracol, o que é impossível de acontecer). 
Todos temos um principio, um meio e um fim. 
No que me diz respeito, que estou numa posição onde o caminho cada vez mais se aperta, apraz-me dizer que já me aconteceu de tudo na vida menos a morte, que é uma certeza para todos, por isso “ela” não me assusta assim tanto. E como a esperança é a última coisa a morrer, espero que “ela” esteja ainda longe do ponto zero do ângulo superior do losango. 
Felizes daqueles que acreditam que nesse ponto existe uma porta embora estreita, por onde as almas se libertam para outra vida!      

domingo, 22 de dezembro de 2013

A velhice pronuncia-se…

Há muito que deixei de escrever no meu blog e interrogo-me porquê, será que a velhice se está apoderar de mim? Ou tenho receio de escrever livremente o que me vai na alma? Não sei, só sei que hoje me apeteceu escrever. 
Influenciado por este Portugal recheado de matéria prima para escrever, com notícias diárias que nos trazem aterrorizados com medo do amanhã, que desde há uns tempos, é sempre pior do que hoje. 
Parece que estamos condenados a viver com este peso internamente. Não se vislumbra nenhuma luz ao fundo do túnel que nos traga alguma esperança. Reparem que cada vez há mais pessoas a não suportarem a pressão a que estão sujeitos diariamente. 
Depois acontecem os roubos, que muitas vezes são para dar de comer aos filhos. Há pais que depois de esgotarem todas as soluções, não lhes resta outra saída senão o roubo. Pior ainda, acontecem para os mais frágeis, o suicídio e os AVCs, que vitimam pessoas cada vez mais novas.

Assistimos a tudo a tudo isto impotentes a poder punir os culpados desta situação, que são todos aqueles, que nos governaram até agora. 
Mas nós também não nos podemos alhear de culpa, pois que em alturas de eleições, fazemos tudo para eleger a nossa “Dama”, que às vezes, quase sempre, não tem nada de pura.

Bispo da diocese, visitou Vila Nova

Muito nos honra a visita do Sr. D. Virgílio Antunes.
Seja benvindo e que esta experiência de proximidade nos seja proveitosa, permitindo-nos dela colher bons frutos.
Aproveitamos a vinda de sua reverência, para lhe darmos a conhecer o povo que somos e o que temos.
Esta pequena comunidade do lugar de Vila Nova, da extinta freguesia de Outil, hoje fundida com a freguesia de Portunhos é constituída por um povo crente em Deus, pois todos fomos baptizados, todos frequentámos a catequese e todos comungámos. Este povo sempre foi fiel à religião católica, não conhecemos na freguesia, ninguém que professe outra religião.
Para conhecer o que temos:
Recuamos algumas décadas antes de 1960, que graças à influência duma indústria, na exploração e transformação de calcário, foi próspera em tempos idos e que foi o sustento, não só das famílias da nossa terra, mas também de todas as aldeias vizinhas.  
Já em 1917, tínhamos uma escola do ensino primário, cujo edifício se encontra neste momento em restauro, com o fim de preservar uma obra que ajuda à nossa identificação e servirá, pensamos nós, para alguma instituição de solidariedade social.
Temos também, desde de 1927 uma associação de beneficência, instrução e recreio, com edifício próprio, construído nessa data, chamada Clube União Vilanovense.
A escola e o clube complementavam-se. A escola ensinava a ler e escrever. E como o ensino não era obrigatório, só continuavam os que os  seus progenitores não necessitavam  deles para a ajuda do sustento da família. Naquele tempo o mundo do trabalho começava muito cedo, às vezes antes dos sete anos.
Depois lá estava o clube para ajudar à continuidade da sua formação, em especial na representação teatral, que sempre foi e até hoje, a tradição desta colectividade, como veículo de cultura.
Estas duas instituições, de tempos mais remotos, provam a união deste povo, que conseguiu também em 1936 a distribuição pública de rede eléctrica, sendo a primeira aldeia do concelho, a obter este bem. E em tempos mais recentes foi capaz de construir, sem nenhum subsídio, que não as dádivas do povo, uma nova capela, que muito nos orgulha!
Isto foi do passado. Actualmente a realidade é outra; vivemos com preocupações e angústias, mas também com anseios, que com fé e esperança vamos alcançar.
Esperamos que, a visita de vossa reverência, sirva também, para despertar nas nossas mentes, que nem só do “PÃO VIVE O HOMEM”.
Bem- haja Sr. Bispo.


Vila Nova, 8 de Novembro de 2013.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Diferenças Abismais

Diferenças que eu não consigo deixar de comentar. Numas pequenas férias… não lhe devo chamar férias, porque sou reformado e as férias são para os trabalhadores.
Mesmo assim, com uma pequena reforma, e à custa de algum apertar de cinto, consegui amealhar alguns euros que me permitiram sair de casa durante uns dias. Comecei pela costa oeste, visitei locais que já conhecia e outros que não, tais como as aldeias típicas de José Franco, em Sobreiro, próximo de Ericeira que gostei e recomendo.
Mais adiante estive no Cabo da Roca, ponta mais ocidental da Europa, passei pela praia das Maçãs, praia do Guicho e Boca Do Inferno. Este local conheci-o há mais de 50 anos, quando só ali havia obra da natureza. Hoje com as obras ali feitas é menos perigoso visitar o local, mas para mim menos interessante. Continuei por Cascais, Estoril e entrada em Lisboa para ali passar a noite, depois de ver uma revista à portuguesa no Politeama de Filipe la Féria. Era hora de repousar, por isso dirigimo-nos ao hotel para uma noite regalada e dormimos muito bem… tudo isto no primeiro dia.
No segundo dia, fomos visitar a “velha Lisboa”, que eu conheci há muitos anos e que me fez reviver um tempo que não volta. Aproveitei para fazer uma viagem num anfíbio, que é novidade em Lisboa, percorrendo vários pontos na cidade para depois dar uma volta pelo Tejo, desfrutando a paisagem, que dali se observa. É arrepiante a entrada na água, mas a vontade sobrepõem-se ao medo.


Também visitei a baixa do Chiado, agora requalificado, e viajei no “velho eléctrico”. Deixamos Lisboa com destino a Setúbal, onde jantámos e pernoitámos no hotel. De seguida foi meter o carro no ferry e atravessar para Tróia e ali estava uma praia de ricos, com hotéis de luxo, casino e abrigo para iates, veleiros, etc...

Ao apreciar tudo isto, pus-me a pensar, porque é que uns tem tudo e outros nada, toda esta riqueza à custa de quê? Do trabalho não foi de certeza…
Depois de umas horas ali passadas, foi andar com destino a Alcácer e qual não foi o meu espanto, que ao chegar à Carrasqueira, me deparei com um cais de embarcações de pescadores a lembrar o terceiro mundo. Só vi coisa igual em reportagens no Vietname.

É por isso que chamo a esta narrativa Diferenças Abismais às quais anexo estas fotografias. Será que estes pescadores a trabalhar nestas condições ainda terão que pagar impostos ao estado? 

Desculpem, estive a maçar-vos com o relato das minhas férias, mas a minha intenção era mesmo, mostrar-vos as diferenças entre ricos e pobres.  

Vila Nova, Setembro de 2013.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

O Emigrante

O EMIGRANTE DOS ANOS 60, DO SÉCULO PASSADO 
E O EMIGRANTE PRESENTE.
AS DIFERENÇAS


O emigrante português, dos anos 60, era conhecido pela mala de cartão e pelo garrafão de 5 litros. Quando nos encontrávamos no comboio, ou em qualquer parte dos países de destino, não precisávamos perguntar de que nacionalidade era, o garrafão era o seu bilhete de identidade, mas isto não o desprestigiava. O emigrante português era conhecido e aceite como honesto e trabalhador.
Os emigrantes daquele tempo sofreram todas as adversidades para poderem emigrar, pois o regime daquele tempo não lhes dava a liberdade de sair do país, vivíamos em clausura, (Salazar dizia; “orgulhosamente sós”) e pobres como “Jó”, digo eu. A maior parte deles sujeitaram-se a fugirem como ladrões, entregues a pessoas que não conheciam e a entregar-lhe quantias exorbitantes para os passarem para o “lado de lá”, (Espanha e França) quantias essas emprestadas pelas pessoas abastadas do sítio onde moravam e que no trabalho os exploravam quanto podiam. 
E lá foram eles sujeito a tudo, passaram fome, dormiram em palheiros, muitas vezes fechados em cortelhas de animais, sem conhecerem o “passador” que os trouxe até ali, nem “o” que os ia conduzir dali para a frente, sofrendo com o calor que os sufocava, se era de verão, ou lhes gelava os ossos se era de inverno, carregando o pesadelo de não saberem o que lhes ia acontecer no dia seguinte, porque estas viagens duravam vários dias. Atravessaram montanhas, rios e riachos, especialmente nos Pirineus, quase sempre a pé, ou dentro de camionetas de transporte de gado. 
Enfim, os que conseguiram passar, porque houve muitos que tiveram que voltar para traz, pois quando as autoridades portuguesas e espanholas, os encontravam no trajecto, tratavam-nos como animais e os obrigavam a regressar a casa mais pobres do que saíram. Felizmente isto não aconteceu a todos e os que conseguiram “passar” lá estava França a recebê-los. 
Quero aqui afirmar com conhecimento de causa, que foi a França o único país que nos aceitou sem contracto, dando-nos trabalho e que financeiramente nos tirou da miséria onde vivíamos. Eu sou emigrante dos anos 60 e sabem quantas casas na minha terra tinham casa de banho? Contavam-se pelos dedos de uma mão, passados poucos anos começaram a emergir nas nossas aldeias as casas tipo “maison, com janelas por dentro e fenêtres por fora”,( Isto era dito por pessoas que , talvez como uma certa inveja, se sentiam ultrapassadas) mas também tinham casa de banho por dentro, o que levava algumas pessoas duma faixa etária mais adiantada, dizerem que as casas eram muito bonitas, mas fazerem as necessidades fisiológicas dentro de casa, é que não concordavam!
Eu estava a falar dos que conseguiram chegar ao destino e foram esses a base do emigrante de hoje. Esses que já não usam a mala de cartão, mas sim uma pasta de calfe e dentro dela o tal “canudo”. Aqui estão as diferenças; Os emigrantes dos anos 60, fugiram porque o regime de então não lhes dava a facilidade de saírem livremente para deixarem a miséria em que viviam. Os emigrantes de hoje são empurrados pelo governo actual a deixarem o país, porquê? Porque voltamos á miséria desse tempo.
O emigrante de então levava na bagagem as mãos calejadas para usarem a picareta porque não possuíam qualquer formação, quantos eram analfabetos e outros mal sabiam escrever o nome. Eu contactei com emigrantes de todas as regiões, uns mais letrados, outros não, alguns nem sabiam o que era o quilómetro, quando eu lhes perguntava por exemplo; a que distância morava da freguesia, eles respondiam-me: Olhe, fica aí a um tiro de chumbo ou o tempo de fumar um cigarro dois ou três consoante a distância, para estes só lhes restava como trabalho o uso da picareta. 
Nesse tempo os emigrantes levavam consigo azeite, feijão e outros alimentos, como chouriço e presunto, que lhes bastasse para a estadia lá até voltarem de férias, férias que cá nunca tiveram. Isto tudo porque como diziam, mostrando um franco entre os dedos, isto lá em “baixo”, referindo-se a Portugal, vale cinco. 
Era verdade, o franco valia cinco vezes mais que o escudo e o custo de vida lá era pouco superior ao de cá pelo que, com um pouco de poupança dava para amealhar três partes do ordenado, que era cinco vezes mais do que auferiam cá.
O emigrante de hoje leva na pasta o tal “canudo”, produto do sofrimento dos seus pais ou avós, que hoje voltam a sofrer, por ver os seus descendentes, serem obrigados a emigrar, embora sem o medo de serem presos na viagem pelas autoridades. Esta vaga de emigrantes de canudo, já não vão fazer comer, lavar a roupa ou dormir nas barracas de “Champigni”, nem sujeitos a todos os tipos de trabalho. Levam consigo formação que lhes permite trabalhar de bata branca, formação paga pelo erário público com o sacrifício de todos nós e que agora vão desenvolver e ajudar a economia estrangeira, enquanto a nossa se afunda cada vez mais. Serão isto soluções certas?
Senhores governantes aprendam a governar!...

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Recomendo...


(clicar na imagem para aumentar)

Retratos de Estimação é uma reportagem fotográfica.
E está em exposição.

Uma viagem pelo mundo dos afectos.

Um retrato da sociedade e da sua relação com animais de estimação.
Uma colecção de imagens plenas de carinho e ternura.
Um trabalho do Isidro Dias ( fotógrafo ). 

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Ter vivido, no tempo da outra senhora!

Foi difícil por muitos motivos, um dos quais a falta de liberdade de expressão. Vivíamos como que amordaçados. 
O regime tinha uma teia de tal forma montada, que não podíamos dar um passo fora do regime estabelecido por “eles,” que a informação desse passo logo lhes era transmitida pelos informadores que estavam em todos os lados. 
E nós não os conhecíamos... podia ser alguém que julgávamos amigo. 

Vou relatar um caso que se passou comigo. Eu naquele tempo já tinha um radiozito e sintonizava a Rádio Moscovo, que tinha um programa em língua portuguesa adverso ao regime daquele tempo. Um certo dia estava-mos na loja do ti Joaquim Martins e por acaso falámos nisso, logo um presente me pediu para eu lhe ensinar a sintonizar a dita estação, ao que eu acedi. Fui a casa dele prestar-lhe esse serviço. Qual não foi a minha surpresa, quando mais tarde concorri a um serviço público e esse episódio lá estava registado. Era assim, tudo era controlado pela máquina infernal duma ditadura que só terminou com a revolução de 1974.
Quem enfrentava o regime, tinha por certo as prisões, como a do forte de Caxias, a do forte de Peniche ou o Tarrafal, onde a maior parte dos presos, ali acabaram por morrer, não suportando a tortura a que eram sujeitos. Os jornais não eram distribuídos sem serem submetidos à censura, todas as notícias eram vistas e revistas, pelos homens do famoso lápis azul. Os lugares públicos eram preenchidos, só salvo raras excepções, por pessoas do “Amen”.

Deixamos a política, que dantes era horrorosa e hoje é badalhoca, e os seus agentes não passam duns comediantes. Passamos então aos sacrifícios da vida quotidiana que enfrentava-mos diariamente para sobreviver. Como, ir trabalhar nas terras descalço, laborar de sol a sol, ganhar quanto os patrões queriam pagar. Para os jovens de hoje:
- Sabem que naquele tempo o mundo do trabalho, começava aos sete anos? 
- Sabem também, que dantes havia os patrões e os criados? 
Os patrões eram os senhores e os criados eram os escravos. Não tinham direito a uma cama, dormiam nos palheiros, a comida era feita à parte da dos Senhores. As famílias eram grandes, havia casais que atingiam os doze filhos. Não havia planeamento familiar e desconhecia-se os anti contraceptivos. A protecção social, não se sabia o que era... Como estes pais, não tinham como sustentar os filhos, entregavam-nos a esses patrões, só pelo comer e pelo vestir, que era quase sempre a roupa que os filhos deles já não usavam. 
Isto não quer dizer que hoje não existam situações destas, mas mais escondidas.
Os doutores? 
Só o eram, os filhos desses doutores, ou os filhos daqueles que estavam com situação financeira firme e mesmo assim tinham que estar alinhados com o regime. Felizmente que neste aspecto a situação mudou um pouco, tenho bastante receio que volte ao mesmo.
Sem querer voltei à política, peço desculpa.
Volto ao quotidiano de antigamente, onde as nossas mães iam à feira, a pé e descalças, com a cesta à cabeça, com uns tostões na algibeira, ou com uma galinha para lá vender e fazer as suas compras. 
Nós, os miúdos, não se esquecíamos de pedir para que nos trouxessem um “cavalito”, que era a figura de um cavalo feito de massa de pão. Quando o dinheiro não chegava, a desculpa era de que as mulheres não tinham vindo vender. Lá ficava-mos nós à espera de outra feira para obter aquela, que para nós era uma guloseima e que de doce não tinha nada.
Havia tanta coisa para dizer, mas por agora vou-me ficar por aqui, porque tenho receio de me tornar repetitivo, uma vez que já escrevi sobre algumas destas coisas, noutros textos do meu blog.

Vila Nova, 12 de Setembro de 2012
Albertino Pereira Coelho  

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Primeiro Ministro em Cantanhede


Visto em duas partes, na primeira foi a recepção em frente à Câmara Municipal, onde foi recebido pelo executivo camarário e vaiado por uma multidão de pessoas, que ostentavam bandeiras pretas, gritando mentiroso, mentiroso…………………….! 
E eu que nunca o tinha visto tão de perto, vi que realmente, ele tinha o nariz mais comprido que o do Sócrates.
Na segunda parte, foi à entrada da expo, onde o esperavam umas centenas de pessoas, ordeiramente calados. E à sua chegada, acotovelavam-se uns aos outros para o poder cumprimentar ou para lhe tocar nas vestes, como quando Cristo pregava pelo mundo! 


Depois do corte da fita, entrou, visitou alguns expositores, claro que não os podia visitar todos, porque são muitos. Estranhei que não fosse visitar o pavilhão onde estão representadas as escolas e outras instituições de carácter humanitário. 
Será porque já tinha levado que chegasse, em frente à Câmara? 
Eles lá sabem porquê…
Para o ano haverá mais. 

Vila Nova, 26 de julho de 2012
Albertino Pereira Coelho

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Arte de esculpir a pedra

Hoje estou a falar do escultor Alves André, que é nosso conterrâneo. 
Participou num Simpósio do nosso calcário, (chamado pedra de Ançã). 
Foi organizado pela Camara Municipal de Cantanhede, onde compareceram vários escultores, vindos doutras regiões do país. 
Isto para dizer que para mim, que também sou da pedra, a melhor escultura desse simpósio é um baixo relevo de Alves André. As esculturas ali executadas, foram distribuídas pela cidade e por outros lugares do concelho. 
A do nosso escultor está escondida algures em Ançã. 
Tentem descobri-la e vejam se não tenho razão. 
Esconder uma obra daquelas é crime!

terça-feira, 22 de maio de 2012

Mostra Gastronómica de Outil

Amigos, já estão online as fotos da festa gastronómica da nossa freguesia.
Vejam aqui:
http://isidrodias.zenfolio.com nos Eventos Públicos

Partilhem com os amigos e vizinhos da freguesia.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

O meu tempo de escola...

O meu tempo de escola foi de 1944 a 1948. Tempos difíceis pois estávamos em plena  segunda guerra mundial. 
Vou falar duma grande Senhora que se chamava Maria Emília Pereira que veio para Vila Nova em 1941 e daqui só saiu para o cemitério. Depois de cem anos de vida, ela foi a nossa professora durante mais ou menos trinta anos. Não foi só professora, foi também a educadora que substituiu os nossos pais que não tinham tempo para isso.
Era rigorosa neste aspecto e tinha sempre à mão a régua que usava por tudo e por nada. Usava-a porque não dava-mos o rendimento que ela pretendia ou para nos castigar por coisas que fazia-mos fora da escola.
E eu apanhava em casa e no dia seguinte apanhava dela na escola. Não achava justo, mas tinha que gramar, porque os meus pais delegavam nela toda a educação.
Ao sábado, formava-mos à sua frente para que nos passasse revista. Via se tinha-mos os ouvidos limpos, as unhas cortadas e limpas… e a pedra que era um rectângulo feito de ardósia envolto em madeira, que nós lavava-mos com sabão amarelo (sabão que era usado nos soalhos das casas), que eram lavadas de vez em quando. Quem não aparecia com a ardósia lavada… lá estava a régua à espera, como se nós miúdos de sete a onze anos tivesse-mos culpa dessa falta de limpeza.
Era exigente, mas se ela não fosse assim, nós não chegava-mos à quarta classe. E mesmo assim, só lá chegavam quatro ou cinco por ano. No meu ano fomos só três. Isto devia-se ao facto de os nossos pais, precisarem de nós para outras tarefas.
A maior parte depois da escola, iam ter com os pais às propriedades ajudá-los nessas tarefas, em especial à frente a guiar os bois na lavoura da terra. Como o ensino não era obrigatório, assim que os filhos aprendiam a ler e escrever o seu nome, logo eram retirados da escola para entrarem no mundo do trabalho, em muitos casos logo a partir dos sete anos.
Naquele tempo, não se falava em exploração infantil.
Até se dizia; “O trabalho do menino é louco, mais louco mais louco é quem o desperdiça”.
Eram outros tempos! Era o tempo em que as pessoas se respeitavam, havia o culto da obediência aos pais e o respeito aos mais velhos, quando se cruzava-mos saudávamo-nos com um Adeus, um bom dia, uma boa tarde, ou boa noite e até amanhã se Deus quiser.
Depois da ceia tínhamos que rezar e no fim pedir a bênção aos pais. Onde estão esses valores? Não faziam mal a ninguém. Lembra-me como se fosse hoje, o meu primeiro dia de escola.
Lá fui eu todo contente, descalço com uma bolsa de serapilheira e dentro dela uma pedra de ardósia e um ponteiro feito da mesma pedra.
Isto comparado com a mochila dos alunos de hoje, que carregam às costas vários kilos de peso. Um dia destes dei-me ao trabalho de pesar a mochila da minha neta, e verifiquei com espanto que ela pesava mais de sete kilos.
Naquele tempo, o lápis vinha depois e a caneta a tinta, só vinha muito mais tarde. Não era por isso que eramos bons ou maus alunos. Ela espremia-nos ao máximo, com métodos de ensino que não eram os mais ortodoxos. No nosso tempo de quatro anos de escola, tinha-mos que aprender de tudo, na geografia; saber de cor o nome de todas as províncias de norte a sul de Portugal, incluindo as do chamado ultramar português, todos os rios e seus afluentes e todas as linhas férias e seus ramais.
Na aritmética, tinha-mos que saber a tabuada de cor e salteado, e ai de nós se ela nos via a contar pelos dedos. Na história, saber os nomes de todos reis e seus cognomes, o nome e datas de todas as batalhas, quer com os castelhanos, quer com os mouros. Na gramática, saber todos os tempos dos verbos, adjectivos, pronomes, substantivos etc.
Ler bem e escrever sem erros, era outra exigência dela. Mas tudo isto ela conseguia, com reguadas ou sem elas. Nós tudo suportava-mos, às vezes com o estomago vazio, pois quantas vezes saia-mos de casa para a escola com fome. Mesmo assim considero-a como uma grande pedagoga. Se não fosse ela, não era pelos meus pais que eu chegava à quarta classe.
Acerca desta nossa professora, vou colar a carta que escrevi e li na homenagem, que lhe dedicámos, organizada pela professora Humbelina Louro, no seu centésimo aniversário.
Vila Nova, Maio de 2012


HOMENAGEM

Esta homenagem que merecidamente aqui estamos a prestar à nossa professora, que adoptou Vila Nova como sua terra e por cá ficou mais de meio século e ficará, olhando à saúde de ferro que aparenta.
Agora agradecia que me deixassem falar um pouco de mim e da Sra. Professora Mª Emília Pereira, para lhe endereçar o meu mais profundo agradecimento por me ter levado a fazer o exame da 4ª classe, pois que os meus pais já tinham decidido que ficaria pela 3ª e iria para a frente dos bois pegando-lhe na soga, guiando-os na lavra dos terrenos, era o que tinha acontecido aos meus irmãos, “hoje chamam-lhe exploração infantil”!  
Não querendo a professora que isto acontecesse mandando alguém da sua estima, a minha casa falar com Eles e assim consegui chegar à 4ª classe, que me deixou preparado para mais tarde concorrer a um cargo que exigia esse grau de ensino e fazer, quando adulto, o 2º ano de liceu.
Também quero dizer que à entrada do 1º dia de aulas fiquei um pouco decepcionado com Ela, uma vez que eu era muito sardento, sabem o que ela me disse?
– Olha este vem todo cágado das moscas! 
Mas isto nunca afectou o relacionamento aluno professora.
Estou também a lembrar-me dos conselhos, entre aspas, que Ela usava para nos fazer aprender, doeu mas valeu a pena!
Termino a desejar-lhe uns anitos mais de vida, mas outros 100 acho que são demais!
Obrigado professora.                                                                                                      
O seu dedicado aluno Albertino Coelho.
Dezembro de 2010

segunda-feira, 26 de março de 2012

UMA VIAGEM NO TEMPO

E o tempo foi a guerra do Ultramar português, onde estavam inseridas, as províncias, em solo africano, de Angola, Moçambique, Guiné Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Eu fui mobilizado em missão de soberania, integrado numa Companhia Móvel da Policia de Segurança Pública.
Fui parar a Angola, onde permaneci dois anos. Foi um tempo que considero muito bom, dada a minha juventude, nada nos metia medo, a guerra parecia uma brincadeira. À saída de Lisboa, em Junho de 1963, (precisamente quatro dias depois de ter caído uma placa de betão armado que servia de abrigo aos utentes do comboio da linha de Cascais, no cais do Sodré, que tirou a vida a uma vintena de pessoas, também nesse ano estava em curso a construção da PONTE sobre o TEJO), parecia que íamos para uma festa, embarcamos no velho UIGE, apoiados pelas senhoras do Movimento Nacional feminino que nos deram alguns maços de tabaco e nos desejaram boa sorte!... 
Este Movimento foi criado pelo governo de Salazar para mostrar uma certa solidariedade entre as forças armadas que partiam e os portugueses que ficavam a sofrer de saudades, dos seus familiares, sem a certeza que eles voltariam. Estas incertezas fizeram sofrer muitos pais, muitos irmãos, muitas namoradas e muitos amigos. Muita desta gente veio, infelizmente a chorar os seus mortos e a fazer o luto sem corpo, tragédia que ainda hoje não esqueceram!... Este Movimento também, proporcionava os contactos com madrinhas de guerra, para os soldados, que eram confortados por estas, através de aerogramas, fornecidos grátis e com porte pago pelo governo. Muitas destas madrinhas tornaram-se esposas destes soldados!
Chegamos a Angola passados treze longos dias a balouçar nas ondas do Oceano Atlântico, escoltados pelos golfinhos, que dum lado e do outro do barco, nos acompanhavam durante muitas milhas, fiquei surpreendido de ver peixes a voar, não sabia que existiam, o enjoo não nos abandonava, mas lá chegamos a Las Palmas, que para mim e para muitos dos meus colegas, era a primeira vez que pisávamos solo estrangeiro. Daqui fomos parar a São Tomé, mas não atracamos porque não havia cais, e se quisemos ir a terra tivemos que nos aventurar a viajar num barco que já não me lembro se era a motor ou a remos, mas fomos e regressamos passadas algumas horas. Posto o pé pela primeira vez em solo africano, senti uma sensação estranha, que me levou a perder a euforia que sentia até ali. Enquanto estivemos na ilha aproveitamos para dar uma volta. Ao cair da noite, ao passarmos junto a um restaurante, senti um arrepio ao ouvir, em terras tão longínquas, o nome de Cantanhede na rádio, que tinha um altifalante na esplanada.
A notícia era do regresso de Vagos da bandeira dos Bombeiros Voluntários onde todos os anos ali se desloca em peregrinação, para cumprir uma promessa feita numa ocasião em que não chovia há quatros anos, pelo que levou estas gentes de Cantanhede, a deslocar-se à Nossa Senhora da Varziela, implorando que chovesse.
Ao chegarem a esse local, ouviram um sino a tocar para os lados de Vagos e para aí se deslocaram. Foram até encontrar uma ermida onde se encontrava a imagem de Nossa Senhora de Vagos, e aí de frente à Imagem lhe imploraram que chovesse para suas terras, o que aconteceu. E logo prometeram, que todos os anos ali iriam com o chamado “bodo” a distribuir pelos pobres, o que ainda hoje acontece. Isto é o que diz a lenda!
Então embarcados de novo no velho UIGE, lá fomos nós rumo a Luanda.
Ao atracarmos, fomos recebidos com o som arrepiante a sair dos altifalantes a gritar ANGOLA É NOSSA; ANGOLA É NOSSA……….. com uma música a acompanhar, que fazia por os cabelos em pé. Depois de sermos apresentados e distribuídos pelos respectivos serviços do Comando da Polícia de Segurança Pública de Luanda. A partir de agora, ficámos sujeitos aos perigos duma guerra sem frente de batalha. O perigo estava escondido em cada esquina e em cada canto, em especial nos ”Muceques” (residências construídas de pau a pique, onde só moravam nativos). Era muito perigoso patrulhar aqueles sítios, mas apesar de algumas escaramuças, lá nos fomos safando.
Estou a falar só de Luanda onde a guerrilha estava controlada, pior era no resto do território, em especial no norte, onde aguerrilha continuava a deixar de luto tantas famílias que sem culpa nenhuma ficaram a sofrer uma vida inteira as perdas dos seus ente-queridos. Tinha-mos uma cantina da Polícia onde eramos comensais por nos ficar mais barato, pois o ordenado, embora fosse o tripulo do que ganhávamos na “metrópole”   não dava para uma pensão decente. Só estou falar disto para dizer que a alimentação era quase sempre a mesma, “pacaça velha” o que nos valia era a dentadura de jovem que tudo roía. O melhor prato era o grão com bacalhau, uma vez por semana. A vivência fora das funções profissionais era uma maravilha, pois o nível de vida em LUANDA era de gente rica, bom clima, boas praias, boas esplanadas de cinema, nas esplanadas das cervejarias com um cheiro a marisco contínuo, convidavam-nos a sentar à mesa a deliciar umas boas canecas de cerveja, com os aperitivos que as acompanhavam e eram à borla.
Vejam a diferença de Lisboa, onde o aperitivo eram tremoços. Aqui era um pires de dobrada com broa, uns “esquisinhos” fritos, ou um pires de camarão. Quem bebesse meia dúzia de cervejas, que era muito fácil atingir este número, dado a temperatura que rondava sempre os 35 graus, não necessitava de jantar. Por isto não podemos criticar a revolta dos “retornados”, com a vida que lá tinham e como para cá vieram viver (alguns).
Quero-vos dizer que a minha intenção não é escrever a minha biografia. E se escrevo muitas vezes na primeira pessoa… é porque, me é mais fácil narrar os contos ou os factos que são comuns a muita gente.
Agora sim vou falar um pouco de mim, nos dois anos que passei em Angola; foi um tempo bem passado, à parte dumas escaramuças com uns tiros para o ar e umas cabeças partidas resultado de desentendimentos entre negros e brancos, mas nunca provocados por mim, mas sim por alguns brancos, que se diziam meus amigos e se aproveitavam da minha posição policial para amesquinharem os nativos.
Isto dava sempre mau resultado, pois estávamos em plena divulgação da igualdade de direitos, colocando de lado as cores, aplicando uma psicologia que os nativos bem sabiam aproveitar, e alguns deles tinham mais cultura que aqueles que os queriam diminuir.
Fiz uma viagem em serviço ao sul, a Silva Porto onde tudo era pacífico, por isso os habitantes de lá não diziam Silva Porto, diziam Silva Morto. Era tudo tão calmo que durante a noite, apenas se ouviam, ao longe os grunhidos dos animais selvagens e o badalar do sino da torre, informando-nos as horas. A noite que lá passei, quase não dormi, aproveitando aquela calma para meditar, ainda hoje me lembro de tudo o que pensei naquela noite, as previsões que fiz para o meu futuro, e que muitas se concretizaram felizmente. De regresso a Luanda, pois estava a mil quilómetros, a maior parte do percurso feito em terra batida. Como não conseguia fazer a viagem só num dia, resolvi passar por Nova Lisboa, hoje Huambo, onde pernoitei. Aproveitei para visitar conterrâneos, que ali estavam radicados, há muitos anos e que nem sequer nos conhecíamos, mas receberam-me muito bem. Daqui para Luanda foi um “pulo” de setecentos quilómetros, lembro-me de ter almoçado na Cela um churrasco bem temperado com gindungo, que ainda hoje me está a saber bem!... 
Agora sim estava mais perto de Luanda, onde cheguei à noite.
Enquanto em Luanda fazíamos uma vida absolutamente normal, no norte continuavam as guerrilhas que iam “libertando da vida” tantos jovens, que sem culpa nenhuma, daquela guerra estupida, pagaram com a vida as asneiras feitas por uma ditadura, que só terminou com uma revolução feita por um punhado de corajosos. Bem hajam os capitães de Abril.
Quando terminamos os dois anos de comissão de serviço, regressamos… e com a sorte de viajarmos no melhor navio da nossa frota mercante O Infante D. Henrique (por onde andará este luxuoso paquete?) que maravilha. Uma cidade flutuante. Se não viéssemos ao convés, não sabíamos que vínhamos a navegar. Passamos novamente por Las Palmas, aí aproveitamos para fazer umas compras, pois como estávamos numa zona franca, as coisas eram mais baratas. Eu comprei um gravador de som, de bobines com fita magnética, que ainda hoje conservo, e regalo-me de ouvir o que gravei há 50 anos, no resto da viagem.
Ainda passamos pelo Funchal, ali fiquei chocado com o que vi. Crianças com seis, sete anos, a angariar clientes para as casas de bordel. O meu grupo trocou o bordel por uma visita a uma parte da ilha. As flores nesse tempo abundavam por todo o lado. Visitei a ilha há dois anos e já nada é igual, é tudo mais artificial. Corremos todas as tascas que existiam à beira do cais de embarque, a beber o bom vinho da Madeira e a comer “bacalhau com cebola crua”. Como é que chamam a este petisco?
Tão distraídos andávamos, que se esquecemos da hora do embarque, quando chegamos ao barco, as escadas do cais, já lá não estavam. Felizmente que o barco ainda estava encostado e tinha escada de serviço. Finda esta peripécia, foi só esperar mais vinte e quatro horas para chegar a Lisboa, onde chegamos no dia 21 de Julho de 1965 e já navegamos sob a ponte que se veio a  chamar Ponte Salazar.
Com o orgulho do dever bem cumprido, fomos recebidos pelo Sr. Comandante-Geral da Polícia de Segurança Pública Portuguesa no seu gabinete, pois dos mais de cem que fomos, só regressamos uma dúzia, pelo que não foi necessário receber-nos na parada. Desejou-nos as boas vindas e distribui-nos pelos diversos comandos.
A mim coube-me o comando de Coimbra. Pronto, a viagem acabou aqui, onde suportei a farda, durante oito longos meses.
A parti daqui, o meu destino foi outro e as viagens também!



Vila Nova, Março de 2012.      

quinta-feira, 1 de março de 2012

O SINO PERDEU O BADALO!

Aquilo que vou relatar, aconteceu quando nos preparávamos para acompanhar o corpo do infeliz CESÁRIO á sua última morada. Só agora tenho a coragem de relatar este episódio, respeitando o luto que se vai dissipando com o tempo.
Pois o sino da torre que ilustra este texto, estava a anunciar com as suas badaladas a chamada para as pessoas se reunirem para o triste acto, quando o badalo se desintegrou do dito sino, vindo cair no local onde habitualmente, nestes actos, sempre estão muitas pessoas.
Podia-se aplicar aqui “aquela”, de que uma desgraça nunca vem só. Foi milagre não ter atingido ninguém? “Alguém” estava a velar por nós? 
A ser assim, porque é que esse “alguém” não velou pelo pobre do Cesário? 
Coisa de que não obtemos reposta.
Eu estava a menos de dois metros do local onde caiu o badalo, que não deve pesar menos de meia dúzia de quilos, por isso rogo-me o direito de exigir aos senhores responsáveis pela manutenção dos pertences da Igreja, que estejam mais atentos, evitando novas desgraças!     


segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

CONTINUIDADE DO ANTIGAMENTE

Não me esqueço dos mendigos que vinham às portas pedir alguma coisa para comer. 
E nós quando tínhamos, dávamos. 
Quando não tinhamos, que era a maior parte das vezes, a minha mãe mandava-me ir dar o perdão de Deus, que era assim:
- Nosso  Senhor o remedeie!
E lá ia o pobre do mendigo com a mesma fome, bater a outra porta... 
Lembra-me que havia um que trazia uma guitarra, e para agradecer a esmola tocava ou rezava e perguntava assim: 
- Quer que toque ou quer que reze?...
Sabiam que nesse tempo as pessoas andavam descalças? 
Mas numa certa altura o governo proibiu essa prática, assim como a mendicidade, e curiosamente legalizou a prostituição.
E as pessoas quando se deslocavam aos sítios onde sabiam que havia fiscalização, levavam o calçado numa bolsa ou às costas e só se calçavam ao chegarem a esses sítios, com receio de serem autuadas, porque a coima era de vinte e cinco tostões, (2 escudos e 50 centavos). 
Naquele tempo dava para comprar um cento de sardinha e ainda um pão de 2ª.

Saibam também os mais novos, que nós naquele tempo não tinhamos locais de diversão.
A não ser o nosso Clube, que de vez em quando fazia um baile, fora disto havia sempre alguém que organizava um baile de rua, que era o Salgado de Aljouriça com a sua concertina em cima dum carro de bois, onde as raparigas, ainda dançavam descalças. 
Os cafés só existiam nas cidades. Havia a taberna do ti Joaquim Martins que vendia uns copos de vinho, umas cachaças, ponche, aniz e pirolitos.  Havia também as adegas dos nossos pais, quem as tinha, onde a rapaziada nova ora numa ou noutra, se juntava para beber uns copos e até fazíamos uns pesticos, para fazer apatite à pinga. 
Mas o mais sacrificado, era o Celso na adega do avô, ti Manuel Besugo. O padeiro,  António Baltazar, que fazia  a distribuição de pão no lugar da Pena e trazia do talho do Lavado, um quilo de fêveras, que depois de guisadas, com umas batatas cozidas com pele, nos sabia às "mil maravilhas", pois nas nossas casas, a carne era rara. 
Foi assim que passamos a nossa juventude, isto acontecia só aos sábados á noite e domingos. Os que tinham namoradas iam ter com elas, mas só aos domingos e quartas feiras à noite. E era o autorizado pelos pais!
Mas era assim que nós dávamos valor às coisas que saíam da rotina,  que habitualmente era a broa, a sardinha e as batatas, (que eram produto do "troco"que já salientei noutros escritos deste blog).
Radios, havia nos anos quarenta, aqui na terra dois ou três, onde por favor, íamos ouvir algumas transmissões, como a do dia 13 de maio, as celebrações da aparição de Nª Senhora na Cova de Iria, Fátima. 
Por volta de 1950, o nosso clube, eu digo nosso porque todos os habitantes, salvo raras excepções, eram sócios a partir dos 16 anos sócios.
E era lá que íamos ouvir música e as transmissões de alguns eventos desportivos, tais como a volta a Portugal em bicicleta e o campeonato do mundo de hóquei em patins, do qual fomos campeões vários anos.
Éramos bons a patinar e ainda hoje somos, mas a patinar para traz!...
Naquele tempo, como não tínhamos água da torneira, as mulheres iam lavar a roupa ao "rio",.
O rio era onde? 
Ou era à Ribeira dos Moinhos onde há um curso de água que vai desaguar no rio mondego, e que fazia funcionar os moinhos de farinha que existiam, e que deram o nome ao lugar. Ou era á Ponte da Lapa, ou à Ponte do Gorgo Encheiro, cursos de água que vão desaguar ao mar. 
Uma vez localizados os locais onde iam as mulheres doutro tempo lavar a sua roupinha, especialmente a roupa da cama, que era lavada de tempos a tempos,.
Na maior parte das casas, era tirada de manhã da cama e voltada a meter à noite, porque não havia outra. 
Então as mulheres organizavam-se aos ranchos e faziam uma espécie de romaria.
Levantavam-se cedo, aparelhavam a burra, que era o meio de transporte, carregavam-na depois de terem cozido umas batatas  com  bacalhau e cebola, bem regadas com o nosso azeite, que é de boa qualidade. Como não havia arcas térmicas, embrulhavam a panela em pardo para manter a temperatura e não comerem as batatas frias ao meio dia!..
Por agora vou-me ficar por aqui. 
No próximo texto irei relatar o tempo após a aparição da televisão em Portugal.  
      

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O ANTIGAMENTE


Eu nasci em 1937.

Tinha dois anos quando rebentou a 2ª guerra mundial, que muito nos fez sofrer, não por perda de vidas humanas, mas sim pela fome que passamos. 
SALAZAR avisou o país que o livrava da guerra, não tendo enviado nenhum soldado para a frente de batalha, mas não o livrava da fome e foi o que aconteceu. E lá iam os comboios com direcção á FRANÇA carregados de mantimentos, com a menção escrita colada nos vagões “SOBRAS DE PORTUGAL”.
Esta de “sobras” é forte, mas acho que foi a melhor opção. É a partir desta data que eu vou relatar os usos e costumes do nosso povo desde que me lembro...e eu lembro-me de coisas passadas de quando eu tinha menos de três anos.
Recordo-me de ir buscar um banco para a minha mãe se sentar para me dar mama, pois naquele tempo não havia suplemento para acompanhar a alimentação das crianças, como hoje e as desgraçadas das mães é que o pagavam. Recordo-me também de acordar sem ninguém em casa e chorar até me “fartar”, mas ninguém me acudia. O meu pai e os meus irmãos mais velhos tinham ido para a pedreira,. A minha mãe com os outros, para as terras e os vizinhos também. 
Pois antigamente, o trabalho nos meios rurais, como o nosso, eram iniciados ao nascer do sol e a primeira refeição era na terra, e era à hora do apito do comboio das nove, na linha do ramal Pampilhosa Figueira da Foz (hoje, com muita pena nossa... abandonado). 
A segunda era em casa.
Despegavam quando o sino da torre da igreja tocava as badaladas do meio dia,. Depois de fazerem a cesta voltavam ao trabalho, cada um levava a merenda para comerem quando o comboio apitasse, por volta das cinco da tarde, era o chamado “comboio da merenda”, despegavam quando o sacristão tocasse as trindades no sino da torre que era mesmo até não se ver. Até aqui, já contabilizamos três refeições . Falta a quarta, que era a ceia. Penso que por serem quatro refeições por dia, que a minha sogra, que tem noventa e seis anos, no dia da última festa cá da terra, quando estávamos a almoçar (que antigamente se dizia por aqui jantar) quis que lhe dessem um copo de vinho, e quando lhe o recusaram, dizendo que lhe fazia mal, ela muito zangada disse: - O médico não me proibiu de beber ao “quartel”. 
Falta-me dizer que havia também o comboio da sardinha, Que era por volta das onze e meia. Da sardinha porquê? Porque era à estação de Lemede que a ti Angelina Neta ia todos os dias buscar uma canasta desse precioso peixe, despachado da Figueira da Foz. 
E lá vinha ela com o pregão do costume:
- Sardinha “Fresca.
A minha mãe mandava-me ir perguntar a como era ela. É a cruzado o quarteirão, dizia a ti Angelina.
E e a minha mãe, dizia; então trás um quarteirão e diz que assente que eu agora não tenho dinheiro em modo. 
E esta expressão do “dinheiro em modo”, terá várias interpretações; eu penso que a minha mãe, não tinha era nenhum, tinha sim o receio de exteriorizar a nossa situação económica, como isso fosse vergonha,.
Vergonha era se posteriormente não pagasse, e a minha mãe sempre pagou é certo que, quando podia. Isto aconteceu quando eu tinha os meus seis, sete anos... entre 1943 e 1945. 
Eu estou a falar da minha família, mas esta situação de miséria era generalizada, as pessoas, em especial os vizinhos, socorriam-se uns aos outros.
Nem havia dinheiro para uma caixa de fósforos. Se uma vizinha tinha o lume aceso, nós íamos lá com uma pinha e acendíamo-la, para virmos acender o nosso. A broa que era o alimento de todos os dias, se não tínhamos pedia-se emprestada, e o fermento não era excepção. 
Para os mais jovens, creio valer a pena descrever a situação do fermento. As nossas mães coziam a broa pelo menos uma vez por semana, e o fermento era retirado dessa fornada, logo era uma broa a menos,. Normalmente cozia-se um alqueire de farinha de cada cosedura, o que dava mais ou menos dez broas, mas se a mãe tinha pedido emprestadas, cinco ou seis , poucas lhe restariam da fornada, então cosia toda a massa, na próxima tinha que pedir o fermento emprestado. Havia mais solidariedade que hoje.
Nesse tempo poucos tinham relógio, por isso socorriam-se de várias maneiras, como o cantar galo, que era de madrugada, as badaladas do sino e o apito do comboio, e os que o tinham guardavam-no em casa, para usar aos domingos e dias de festa, com a sua corrente de ouro, ou prata, a cair do bolso do colete. 
E era o luxo dos homens naquele tempo, marcando assim o seu estatuto social!..

Prometo continuar, porque há muita coisa para contar…

2011/11/23.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Perigo rodoviário na rua da Cotovia


Exmo. Sr. Professor Doutor João Moura
Presidente da Câmara Municipal de Cantanhede

Eu, Albertino Pereira Coelho, morador na Rua da Cotovia nº 23 no lugar de Vila Nova, da Freguesia de Outil e em pleno gozo de direito civil e fiscal, contribuinte nº 105494364, venho expor a seguinte situação :
Tendo sido implantado um só sentido de circulação na dita rua da Cotovia, era pressuposto, que seria para reduzir a velocidade e sinistralidade. Nem uma coisa nem outra foi conseguida, a velocidade aumentou, na ausência de sinalização adequada e com um sinal de sentido único no inicio da rua, é a mesma coisa que dizer, podes acelerar à vontade que não vem ninguém do outro lado. A sinistralidade, espreita a todo o instante a mais pequena distracção dum residente da rua, ao sair da sua casa colhido por um automobilista, que ora transita pela direita, ora pela esquerda. E com este sentido, sul norte perspectiva-se a todo o momento uma colisão á entrada na rua da Fonte indo da rua da Cotovia.
Exposto isto, vou colar aqui um documento a que tive acesso, foi um pedido de esclarecimento, de alguns membros da Assembleia de Freguesia, na sua última sessão ordinária, ao Sr. Presidente da Junta.

Pedido de esclarecimento ao Senhor Presidente da junta da freguesia de Outil.

Senhor presidente, quando esta assembleia reuniu para apreciar as ideias dos moradores, da Rua da Cotovia em Vila Nova, referente à implementação dum só sentido, proposto pela Junta desta freguesia, ficou deliberado e aprovado em minuta, que por não haver unanimidade no parecer dos moradores, que esta Junta iria pedir um parecer técnico aos serviços competentes da Câmara Municipal. 
A ter acontecido esse pedido, agradecia que nos fosse disponibilizada a leitura desse parecer para podermos analisar quais foram os critérios apresentados por esses “competentes” em matéria de trânsito, para nos meterem a rodar pela 
esquerda. 
É como se estivéssemos em Inglaterra e a sujeitarem-nos ao perigo, que é a entrada na Rua da Fonte indo da Rua da Cotovia! 
Vão ver e façam meia culpa.
Senhores de boa fé não decidiam desta maneira.

Eu subscrevo totalmente este pedido e os seus considerandos.

Vou relatar agora o que me foi dito verbalmente da resposta do Senhor Presidente da Junta a este pedido:
O Sr. Presidente mostrou-lhes o oficio que enviou à Câmara Municipal de Cantanhede do qual não obteve resposta.
Para nós a resposta foi enviar os “homens da picareta” e os sinais, (sentido único e sentido proibido), e com a recomendação de que eram para os extremos da rua em questão, só que essa tem curiosamente nas extremidades dois moradores com o mesmo nome; Carlos Cruz e Carlos Cruz.
Será que os trabalhadores se enganassem na colocação dos sinais? Só pode…

Agora só peço aos senhores, que se este sentido único prevalecer, que se desloquem ao local e analisem os riscos do excesso de velocidade motivado por este sentido. 

Este email foi enviado ao Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal de Cantanhede com conhecimento à Junta de Freguesia de Outil, Proteção Civil e Inova.