domingo, 22 de dezembro de 2013

A velhice pronuncia-se…

Há muito que deixei de escrever no meu blog e interrogo-me porquê, será que a velhice se está apoderar de mim? Ou tenho receio de escrever livremente o que me vai na alma? Não sei, só sei que hoje me apeteceu escrever. 
Influenciado por este Portugal recheado de matéria prima para escrever, com notícias diárias que nos trazem aterrorizados com medo do amanhã, que desde há uns tempos, é sempre pior do que hoje. 
Parece que estamos condenados a viver com este peso internamente. Não se vislumbra nenhuma luz ao fundo do túnel que nos traga alguma esperança. Reparem que cada vez há mais pessoas a não suportarem a pressão a que estão sujeitos diariamente. 
Depois acontecem os roubos, que muitas vezes são para dar de comer aos filhos. Há pais que depois de esgotarem todas as soluções, não lhes resta outra saída senão o roubo. Pior ainda, acontecem para os mais frágeis, o suicídio e os AVCs, que vitimam pessoas cada vez mais novas.

Assistimos a tudo a tudo isto impotentes a poder punir os culpados desta situação, que são todos aqueles, que nos governaram até agora. 
Mas nós também não nos podemos alhear de culpa, pois que em alturas de eleições, fazemos tudo para eleger a nossa “Dama”, que às vezes, quase sempre, não tem nada de pura.

Bispo da diocese, visitou Vila Nova

Muito nos honra a visita do Sr. D. Virgílio Antunes.
Seja benvindo e que esta experiência de proximidade nos seja proveitosa, permitindo-nos dela colher bons frutos.
Aproveitamos a vinda de sua reverência, para lhe darmos a conhecer o povo que somos e o que temos.
Esta pequena comunidade do lugar de Vila Nova, da extinta freguesia de Outil, hoje fundida com a freguesia de Portunhos é constituída por um povo crente em Deus, pois todos fomos baptizados, todos frequentámos a catequese e todos comungámos. Este povo sempre foi fiel à religião católica, não conhecemos na freguesia, ninguém que professe outra religião.
Para conhecer o que temos:
Recuamos algumas décadas antes de 1960, que graças à influência duma indústria, na exploração e transformação de calcário, foi próspera em tempos idos e que foi o sustento, não só das famílias da nossa terra, mas também de todas as aldeias vizinhas.  
Já em 1917, tínhamos uma escola do ensino primário, cujo edifício se encontra neste momento em restauro, com o fim de preservar uma obra que ajuda à nossa identificação e servirá, pensamos nós, para alguma instituição de solidariedade social.
Temos também, desde de 1927 uma associação de beneficência, instrução e recreio, com edifício próprio, construído nessa data, chamada Clube União Vilanovense.
A escola e o clube complementavam-se. A escola ensinava a ler e escrever. E como o ensino não era obrigatório, só continuavam os que os  seus progenitores não necessitavam  deles para a ajuda do sustento da família. Naquele tempo o mundo do trabalho começava muito cedo, às vezes antes dos sete anos.
Depois lá estava o clube para ajudar à continuidade da sua formação, em especial na representação teatral, que sempre foi e até hoje, a tradição desta colectividade, como veículo de cultura.
Estas duas instituições, de tempos mais remotos, provam a união deste povo, que conseguiu também em 1936 a distribuição pública de rede eléctrica, sendo a primeira aldeia do concelho, a obter este bem. E em tempos mais recentes foi capaz de construir, sem nenhum subsídio, que não as dádivas do povo, uma nova capela, que muito nos orgulha!
Isto foi do passado. Actualmente a realidade é outra; vivemos com preocupações e angústias, mas também com anseios, que com fé e esperança vamos alcançar.
Esperamos que, a visita de vossa reverência, sirva também, para despertar nas nossas mentes, que nem só do “PÃO VIVE O HOMEM”.
Bem- haja Sr. Bispo.


Vila Nova, 8 de Novembro de 2013.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Diferenças Abismais

Diferenças que eu não consigo deixar de comentar. Numas pequenas férias… não lhe devo chamar férias, porque sou reformado e as férias são para os trabalhadores.
Mesmo assim, com uma pequena reforma, e à custa de algum apertar de cinto, consegui amealhar alguns euros que me permitiram sair de casa durante uns dias. Comecei pela costa oeste, visitei locais que já conhecia e outros que não, tais como as aldeias típicas de José Franco, em Sobreiro, próximo de Ericeira que gostei e recomendo.
Mais adiante estive no Cabo da Roca, ponta mais ocidental da Europa, passei pela praia das Maçãs, praia do Guicho e Boca Do Inferno. Este local conheci-o há mais de 50 anos, quando só ali havia obra da natureza. Hoje com as obras ali feitas é menos perigoso visitar o local, mas para mim menos interessante. Continuei por Cascais, Estoril e entrada em Lisboa para ali passar a noite, depois de ver uma revista à portuguesa no Politeama de Filipe la Féria. Era hora de repousar, por isso dirigimo-nos ao hotel para uma noite regalada e dormimos muito bem… tudo isto no primeiro dia.
No segundo dia, fomos visitar a “velha Lisboa”, que eu conheci há muitos anos e que me fez reviver um tempo que não volta. Aproveitei para fazer uma viagem num anfíbio, que é novidade em Lisboa, percorrendo vários pontos na cidade para depois dar uma volta pelo Tejo, desfrutando a paisagem, que dali se observa. É arrepiante a entrada na água, mas a vontade sobrepõem-se ao medo.


Também visitei a baixa do Chiado, agora requalificado, e viajei no “velho eléctrico”. Deixamos Lisboa com destino a Setúbal, onde jantámos e pernoitámos no hotel. De seguida foi meter o carro no ferry e atravessar para Tróia e ali estava uma praia de ricos, com hotéis de luxo, casino e abrigo para iates, veleiros, etc...

Ao apreciar tudo isto, pus-me a pensar, porque é que uns tem tudo e outros nada, toda esta riqueza à custa de quê? Do trabalho não foi de certeza…
Depois de umas horas ali passadas, foi andar com destino a Alcácer e qual não foi o meu espanto, que ao chegar à Carrasqueira, me deparei com um cais de embarcações de pescadores a lembrar o terceiro mundo. Só vi coisa igual em reportagens no Vietname.

É por isso que chamo a esta narrativa Diferenças Abismais às quais anexo estas fotografias. Será que estes pescadores a trabalhar nestas condições ainda terão que pagar impostos ao estado? 

Desculpem, estive a maçar-vos com o relato das minhas férias, mas a minha intenção era mesmo, mostrar-vos as diferenças entre ricos e pobres.  

Vila Nova, Setembro de 2013.