Os descendentes do ti Delfim Coelho e do ti Artur, (que era seu irmão, são conhecidos pelos “marretas”.
As pessoas que nos apelidam assim, fazem-no no sentido depreciativo, e nós orgulhamo-nos desse nome, pelo facto do que a seguir vou relatar:
O meu pai tinha uma pedreira, assim como tantos outros, e todos esses outros se organizaram, no sentido de criarem um documento assinado no notário, para manietarem os empregados, não podendo estes ir pedir trabalho a outra pedreira, sem o consentimento de todos os outros patrões.
O meu pai achou isso, uma medida tão anti-social, que se negou a assinar esse documento. Quando ele disse não, o comentário foi o seguinte: NÃO ASSINA PORQUE É MARRÊTA!
O meu pai não assinou, porque não era um patrão de gravata. Ele trabalhava mais que os empregados.
Lembra-me de ele, quando chegava à noite a casa, dizer à minha mãe que, quando os empregados chegaram para pegar ao trabalho, já tinha ganho para um. Morava numa casa, onde nasci e vivo, numa ponta do lugar.
Ele para ir para a pedreira, atravessava todo o lugar, e ainda toda a gente dormia, quando ele passava, e como usava tamancos, fazia algum barulho, e as pessoas que já estavam acordadas, diziam.
- JÁ AÍ VAI O TI DELFIM!
Como naquele tempo pouca gente tinha relógio, ele era o seu despertador!
Era hábito, irem aos domingos, único dia de descanso, procurar trabalho muitas vezes longe da nossa terra, que é Vila Nova, que era apelidada da “terra da pedra”. O meu pai não sabia andar de bicicleta mas, quando os outros lá chegavam, já ele lá estava a pé... e orgulhava-se disso.
Escreveu Albertino Pereira Coelho, seu filho mais novo.
Vila Nova, Abril de 2011.
Nota extra: vejam os comentários deste texto.