sábado, 20 de agosto de 2011

Resposta ao Nuno Silva

Vou então falar do teu avô Rato, também era conhecido aqui como Manél Vedor.
O porquê desta alcunha não sei. Lembra-me de naquele tempo vir aqui um homem que dizia localizar cursos de água subterrâneos, a quem chamavam vedor. Seria ele que se quis fazer passar também por vedor?
A verdade é que aqui nunca apareceu água, e a que temos vem dos olhos da Fervença e foi só a partir de 1968.
O teu avô também era um homem da pedra e do teatro.
Na pedra, lembra-me de ele trabalhar em sociedade com o Carmindo Cruz, ainda vivo, tinham uma pedreira na ladeira do vale. No teatro, como cantava muito bem, levava à cena canções e monólogos.
Também me lembra bem de ele ter ido trabalhar para a região de Sintra, que era o que faziam muitos canteiros daqui, que para ganhar mais uns tostões, para ali imigravam, a trabalhar a pedra. Quando regressou na véspera de Natal, que era o dia de teatro por excelência, trazia uma canção estudada, logo foi ter com o maestro, que era o senhor Angelino Ferrão de Arazede a perguntar-lhe se ele ainda era o mesmo, pois que já tinha tido com ele muitas outras actuações, e ele respondeu-lhe que:
- Ferrão, ferra e nunca mais desferra.
E foi um sucesso!
Marcou-me uma quadra dessa canção, que dizia respeito a uma “mulher da vida” e era a seguinte:
ELA ERA DA MÁ VIDA EU BEM O SEI, MAS UMA VÊS QUE DA LAMA A TIREI SERÁ PARA A VIDA INTEIRA, HOJE SE O MEU NOME LHE DEI, MINHA ESPOSA LHE CHAMO, É MINHA COMPANHEIRA...
Lembra-me também dum monólogo cómico, que era o ZÉ DAS CEROULAS.
Gostaria de saber onde estão as letras de todas as peças de teatro, cançonetas e monólogos Que eram propriedade do nosso Clube.
É que os actores que por ali passaram e que ainda são vivos, teriam muito gosto em reler essas peças das quais foram intervenientes.
Responda quem souber.
Eu devia ter os meus 12 anos, número que me separava da idade dele. Lembra-me também de passado alguns anos, na expectativa duma vida melhor para os seus, partir para Angola, este acto custou-lhe a vida, em moldes que nem vale a pena recordar.
Homem que apesar de passados tantos anos da sua fatídica morte ainda é recordado com saudade.
Até à volta Nuno!

Já agora volta a ler o texto das pedreiras da gândara , que por lapso, não foi inserida uma parte.

20 de Julho de 2011

Sem comentários: