quarta-feira, 22 de junho de 2011

DIZIDELAS do Ti ARTUR (parte_3)

Também tinha uma maneira muito simpática de nos chamar burros. Quando lhe oferecíamos qualquer coisa que ele não queria, e nós insistíamos, a reacção era esta:
- DISSE QUE NÃO, É NÃO, HARR….E.
Que era assim que era assim que mandávamos os burros andar!
Uma vez, ia a passar na rua, que naquele tempo não era asfaltada, tropeçou numa pedra e caiu.
As pessoas que assistiram, julgavam que ele ao levantar-se iria barafustar, reclamando pelo estado da rua, enganaram-se; pois levantou-se, olhou muito sério para a pedra e disse:
- POIS É! TU JÁ AÍ ESTAVAS!...
Ele ouvia as mulheres dizerem:
- JÁ HOJE DEI TANTA VOLTA, fazendo crer que trabalharam muito, ele dizia:
- Quem as mandou ir à volta? FOSSEM A DIREITO!...
Num dia que estava chover, ele ia a andar muito devagarinho, perguntaram-lhe se não podia ir mais depressa para fugir da chuva.
Ele respondeu assim:
- Se eu for mais à pressa, APANHO ESTA E A QUE ESTA LÁ À FRENTE!...
Quando falamos de religião, dizemos que Deus é o bem e que Diabo, é o mal. E o ti Artur, dizia:
- O DEUS É O DINHEIRO, E O DIABO É NÃO O TER!…

Por vezes queixamo-nos de que não nos dão valor, às nossas boas qualidades, e o ti Artur dizia que quem era bom ESCUSAVA DE SER GABADO!
Quando ouvia alguém a dizer, que um individuo era muito boa pessoa, ele fazia esta pergunta:
- JÁ TIVESTE NEGÓCIOS COM ELE? 
E resposta era não. Então ele dizia:
- ENTÃO NÃO SABES!..
O ti Artur tinha pouco cuidado com a sua higiene corporal.
No tempo dele não havia agua na nossa terra, só as pessoas mais abastadas tinham cisternas, que de inverno, recuperavam as águas da chuva, que vinham dos telhados, canalizadas para as ditas cisternas. Os outros tínhamos fonte, que de verão chegava a fornecer-nos apenas 20 litros por hora. Como trazia a cara suja, alguém lhe a mandou lavar, ele não gostou muito, e respondeu assim:
- ENQUANTO ESTE SUJO LÁ ESTIVER NÃO VAI PARA LÁ OUTRO!...
Um dia estava com o Jorge Martins, estudante naquela altura, hoje médico e já reformado, saiu com esta
- TU E EU À PORTA DUMA PADARIA, AFASTÁVAMOS A CLIENTELA TODA!... 
Isto, porque ambos não deviam nada à formosura.
Um dia fizeram uma excursão de autocarro ao Norte. Ele soube que, um certo fulano, tinha pedido dinheiro emprestado ao ti Zé Morais para ir nessa excursão. No dia do embarque, o ti Artur estava lá e viu que o tal fulano também ia, e disse para os presentes:
- Olha! O Zé Morais também vai.
E há um que disse:
- Não, ele não vai.
E o ti Artur disse:
- NÃO VAI MAS VAI…

Sem comentários: