quarta-feira, 22 de junho de 2011

Pedreiras de Vila Nova (parte_3)


O transporte, especialmente antes de 1945, ano em que acabou a segunda guerra mundial, era feito em carros de bois, as camionetas eram raras e só apareceram depois desta data. Quase todos os proprietários de pedreira tinham a sua junta de bois, os que não tinham recorriam aos especialistas do transporte, que eram os chamados “carreiros”, ainda me lembro do ti António Urbano, do ti Júlio costa, do ti Manuel Garrano e outros, que à tarde iam carregar às pedreiras para sair no outro dia, ainda de noite, com um candeeiro a petróleo e a saca do farnel pendurada num fueiro do carro, para assim poderem fazer a viagem no mesmo dia.
Quando era longe, como Coimbra, seria preciso mais que um dia, mas aqui havia uma solução que era uma espécie de área de serviço, uma albergaria onde os animais descansavam e comiam, havia uma entre a quinta do Rol e S. Facundo onde hoje funciona uma fábrica de fogões de sala. 
Esta indústria foi muito importante para o desenvolvimento do lugar de Vila Nova, pois permitiu-nos ter já em 1917, (ano da aparição de N. Senhora de Fátima, estamos em Maio de 2010 a receber a visita do Papa Bento 16) uma escola pública e em 1927 uma sociedade cultural e recreativa, e assim tivemos acesso à escola e a acções culturais, tais como o teatro, ainda hoje o nosso ex-líbris, projectando-nos para um nível superior na cultura e educação ao dos nossos vizinhos.
Enquadra-se aqui dizer que Vila Nova foi em 1936 a primeira aldeia do nosso concelho com a distribuição da rede eléctrica aos seus moradores, graças ao nosso conterrâneo JOSE CARLOS, que foi o pai da luz publica no concelho de Cantanhede.
Por este feito, tem aqui um pedestal em sua homenagem como agradecimento do seu povo, depois tivemos já na década de trinta, dois padres e um oficial do exército e nesta sequência de pessoas com formação académica, temos na nossa terra mais um padre, um juiz, médicos, enfermeiros professores do ensino básico e secundário, engenheiros, técnicos de saúde e já neste ano de 2010 um doutorado, e penso que o primeiro, pela Universidade de Coimbra.  
Haveria muito mais para dizer, mas julgo ter relatado aqui o essencial do que foi a nossa vivencia contribuindo para que não caia no esquecimento as coisas que marcaram uma vida. 
Escreveu Albertino Pereira Coelho um dos muitos que ali passou a juventude num tempo que nos marcou para sempre!...
 
Já depois de ter terminado este registo de memória a preservar, sou informado de que uma empresa, vinda não sei de onde, depois de ter feito uma pesquisa do nosso calcário, adquiriu uns terrenos de pedreiras abandonadas há muitos anos e está a explorar esse calcário que para a empresa tem uma qualidade rara.
Dizem que é para exportar para a China, como atrás disse, o abandono dessas pedreiras, deu-se ao facto de não termos aproveitado as novas tecnologias de exploração, como hoje essa empresa está a trabalhar.
Não sei se esta exploração traz alguma mais valia á nossa terra porque nessa pedreira chegaram a trabalhar mais de quarenta pessoas, esta empresa opera apenas com três homens, explorando muito mais, isto quer dizer que, a mão de obra local desempregada ficou na mesma situação e que as máquinas só beneficiam alguns...
Para que conste e a encerrar este trabalho, fica aqui a devida anotação.
Vila Nova, Dezembro de 2010

2 comentários:

Ilidio disse...

Caro compadre Albertino
Só hoje tive conhecimento deste seu blogue.
Desejo que continue a escrever e perpetuar as boas memórias de Vila Nova.
Notável esta sua iniciativa que me deixou surpreendido.
Muitos parabéns.
Um abraço
Ilídio

Ilidio disse...

Caro compadre Albertino
Só hoje tive conhecimento deste seu blogue.
Desejo que continue a escrever e perpetuar as boas memórias de Vila Nova.
Notável esta sua iniciativa que me deixou surpreendido.
Muitos parabéns.
Um abraço
Ilídio